segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Cachorra leva tiro de espingarda no interior de São Paulo e perde a pata.


Um empresário foi preso na manhã deste sábado (26) após atirar com uma espingarda contra uma cadela em sua propriedade rural, em Cajuru (298 km de São Paulo). José Francisco Jaqueta, 67, afirmou aos policiais ambientais que o flagraram, por volta das 9h, que a cachorra comia galinhas em sua fazenda e atacava pessoas. Ele vai responder por porte ilegal de arma e crime de maus-tratos contra animais. Também levou uma multa de R$ 1.500. O tiro, de cartucheira calibre 28, estraçalhou a pata esquerda traseira do animal, que foi conduzido às pressas a uma clínica veterinária de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). Passou por cirurgia, duas transfusões de sangue e permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). De acordo com o veterinário Wendel Monteiro Barboza, 27, o estado de saúde da cadelinha é delicado. Ela tem aproximadamente quatro anos, 25 quilos e perdeu muito sangue. “Ela chegou aqui quase inconsciente de tanto sangue que perdeu. O tiro rompeu muitos vasos. Achamos melhor amputar a pata”, afirmou. Com um cateter nasal para melhorar a oxigenação e em forte estado de sonolência devido à hemorragia, as próximas 72 horas, de acordo com o veterinário, vão ser fundamentais para saber se a cachorra vai sobreviver. Apesar de ferido, a sorte sorriu para o animal duas vezes após ser baleado. Primeiro porque a Polícia Ambiental fazia ronda perto da fazenda, ouviu o disparo e, em dez minutos, chegou ao local. Lá, os policiais ambientais avistaram o empresário e, ao lado dele, a cadela ensanguentada. Em busca pela fazenda, o cabo e o soldado que atenderam a ocorrência encontraram a espingarda cartucheira com a numeração raspada, o que caracterizou crime inafiançável. Doação de sangue O cabo Geraldo Estêvão Machado Júnior e o soldado Alcides de Paula Toledo chamaram a Polícia Militar para dar sequência ao flagrante e seguiram em alta velocidade para a clínica em Ribeirão, que foi avisada por telefone da ocorrência para preparar o atendimento. Machado Júnior afirma que, ao chegar a Ribeirão Preto, constataram que havia somente uma bolsa de sangue canino disponível na cidade. Os dois policiais foram então às ruas pedir sangue para os donos de cães que encontravam. A dona de casa Débora Falcão aceitou fornecer 450 ml do sangue do labrador Zeus. O mesmo fez outro morador não identificado. A segunda boa notícia para a cadela ferida foi sua adoção por duas irmãs, que a batizaram de Vitória, na esperança de que sobreviva. Jacqueline e Karoline Alves de Oliveira perderam há três semanas a poodle Lolita, por leucemia. “Não é porque ela perdeu uma pata que a gente vai deixar de adotar. Há muitos bichos nessas condições que estão precisando de amor e carinho”, afirma a assistente de coordenação de colégio Jacqueline, 27. Na nova casa, Vitória vai poder circular com liberdade por todo o imóvel, como fazia Lolita. Segundo o veterinário, ela vai se adaptar à futura vida com três patas, caso resista aos ferimentos. “Se viver, ela vai distribuir o peso do corpo sobre os três membros e se locomover sem problemas.” Prisão O empresário, ao receber voz de prisão, passou mal e foi internado num hospital de Cajuru, sob a custódia da Polícia Militar. No quarto em que permanece internado, um soldado da PM informou que Jaqueta dormia e, por isso, não poderia convesar com a reportagem. O UOL telefonou então para a casa do empresário para saber o nome do advogado que o vai defender das acusações criminais. Uma pessoa que não se identificou afirmou que a família nada tem a declarar sobre o caso. Os policiais que atenderam ocorrência e o veterinário que cuida de Vitória negam que o animal seja feroz, como afirmou o empresário. Eles disseram que o animal é extremamente dócil. “Foi um prazer imenso poder socorrer um bicho indefeso, que não oferece risco nenhum. Mesmo alvejado, situação em que os bichos ficam agressivos, ele permaneceu tranquilo. É inexplicável que uma pessoa tenha coragem de cometer uma crueldade dessas”, afirmou o cabo Machado Júnior.

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