segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Site permite denúncia anônima de crimes contra animais selvagens.

                                                                                                     Foto: Divulgação

O tráfico e caça de animais selvagens é extremamente difícil de se combater. Esses crimes muitas vezes passam despercebidos, mesmo que ameacem muitas espécies.

O lançamento da primeira plataforma segura para denunciar crimes contra a vida selvagem, WildLeaks, pretende mudar essa figura.

O WildLeaks é um espaço para pessoas com informação pertinente sobre tais crimes que podem manter-se anônimas e compartilhar o que sabem sem precisar ir diretamente a agências governamentais.

Segundo os criadores do projeto, denunciantes podem desempenhar um papel vital no fornecimento de informações privilegiadas que podem levar à identificação, prisão e acusação de criminosos, traficantes e funcionários governamentais corruptos.

Com a ajuda dessas pessoas, o cenário pode começar a ficar melhor para os mocinhos do que os bandidos – que hoje possuem muito mais informação e uma rede de contatos maior do que os que tentam os colocar atrás das grades.

A força por trás do WildLeaks é uma equipe chefiada pela Elephant Action League que também inclui organizações como a Agência de Investigação Ambiental do Reino Unido, a Oxpeckers Center da África do Sul, a EcoJust na Holanda, a Global Eye, que opera na África e Sudeste da Ásia, o 100Reporters e outras que preferem manter o anonimato por razões de segurança.

Como funciona
Segundo o líder do projeto, Andrea Crosta, apesar da semelhança no nome, o programa é diferente do famoso site WikiLeaks, primeiro porque não está atrás de segredos de Estado ou militares, e depois porque não irá automaticamente vazar informação para a mídia.

“As mensagens que recebermos serão avaliadas e verificadas e, então, decidiremos o que fazer com elas. Talvez iniciar uma investigação, talvez compartilhá-la com nossos contatos de confiança dentro da lei, ou talvez vazar para a mídia”, explica.

O sistema é capaz de receber informações de duas maneiras diferentes: confidenciais ou anônimas. Em ambos os casos, a informação é totalmente criptografada. A diferença entre os dois tipos é que a confidencial irá percorrer os https regulares, enquanto a submissão anônima irá percorrer a rede Tor, também chamada de darknet (porque às vezes é usada por bandidos).

Tor é um software composto de uma cadeia de proxies que trabalha para esconder o endereço IP original do usuário (sua identidade na internet), de modo que nenhuma outra terceira entidade possa ver o que você está fazendo. É um sistema muito seguro.

Em ambos os casos, a organização não saberá quem é o remetente ou onde ele está. A informação enviada é a mesma, só muda a partir do ponto de vista do remetente. Se, por exemplo, o remetente vive em um país com um regime repressivo, como a China, e está relatando um oficial corrupto, pode ser melhor baixar o navegador Tor.

Andrea reafirma que o WildLeaks não é uma agência governamental. Mesmo que você esteja parcialmente envolvido no crime que está denunciando, pode relatá-lo em completo anonimato.

Ajude o Brasil
A imensa biodiversidade brasileira torna nosso país um dos principais alvos dos traficantes de fauna silvestre. No mundo todo, o comércio de animais é a terceira maior atividade ilícita, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas – o lucro é de 10 a 20 bilhões de dólares (cerca de R$ 24 a 48 mi) por ano, e o Brasil participa com 15% desse valor.

Cerca de 70% do comércio é para o consumo interno, e o restante é exportado. Este tráfico envolve um grande número de pessoas, de capturadores ou caçadores (geralmente pessoas muito pobres que conhecem o habitat dos animais) a grandes comerciantes.

O nosso maior problema são as aves – o Brasil ocupa o 2º lugar no mundo em espécies de aves ameaçadas. Em 2012, dos 14 mil animais silvestres que a Polícia Federal apreendeu em suas operações, cerca de 13 mil eram pássaros. São alvos principalmente aves com cotações altas no mercado internacional, como a arara-azul-de-lear e o papagaio-da-cara-roxa, e pássaros raros vendidos no comércio interno, como o pintassilgo, saíra-pintor, canário-da-terra e papagaio-verdadeiro.

Também são vítimas do comércio cobras, peixes ornamentais, macacos e até anfíbios. A captura ocorre geralmente em lugares em que há grande biodiversidade como a região Norte, o Pantanal e o Nordeste, especialmente nos estados do Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e região amazônica. Os grandes comerciantes ficam no eixo Rio – São Paulo.

A maioria dos animais capturados morre antes de chegar ao seu destino final. Crueldade demais para proveito de poucos, com consequências avassaladoras para o meio ambiente.

Você pode fazer a diferença
Se possuir informações sobre algum desses crimes, envie uma mensagem ao WildLeaks, incluindo coisas como nomes e dados pessoais dos traficantes de animais selvagens, informações sobre eventos específicos, documentos que demonstram uma transação financeira ligada a um crime, nomes de navios ou empresas de transporte envolvidas no tráfico, nomes de compradores internacionais, funcionários públicos corruptos e até mesmo lojas e fábricas que lidam com produtos de animais selvagens.

O site possui versão em português, mas a tradução é automática e por isso não é perfeita. Quem entende inglês deve preferir usar essa linguagem.

Fonte: Hypescience

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