O tráfico e caça de animais selvagens é extremamente difícil de se combater.
Esses crimes muitas vezes passam despercebidos, mesmo que ameacem muitas espécies.
O lançamento da primeira plataforma segura para denunciar crimes contra a
vida selvagem, WildLeaks,
pretende mudar essa figura.
O WildLeaks é um espaço para pessoas com informação pertinente sobre tais
crimes que podem manter-se anônimas e compartilhar o que sabem sem precisar ir
diretamente a agências governamentais.
Segundo os criadores do projeto, denunciantes podem desempenhar um papel
vital no fornecimento de informações privilegiadas que podem levar à
identificação, prisão e acusação de criminosos, traficantes e funcionários
governamentais corruptos.
Com a ajuda dessas pessoas, o cenário pode começar a ficar melhor para os
mocinhos do que os bandidos – que hoje possuem muito mais informação e uma rede
de contatos maior do que os que tentam os colocar atrás das grades.
A força por trás do WildLeaks é uma equipe chefiada pela Elephant Action
League que também inclui organizações como a Agência de Investigação Ambiental
do Reino Unido, a Oxpeckers Center da África do Sul, a EcoJust na Holanda, a
Global Eye, que opera na África e Sudeste da Ásia, o 100Reporters e outras que
preferem manter o anonimato por razões de segurança.
Como funciona
Segundo o líder do projeto, Andrea Crosta, apesar da semelhança no nome, o
programa é diferente do famoso site WikiLeaks, primeiro porque não está atrás
de segredos de Estado ou militares, e depois porque não irá automaticamente
vazar informação para a mídia.
“As mensagens que recebermos serão avaliadas e verificadas e, então,
decidiremos o que fazer com elas. Talvez iniciar uma investigação, talvez
compartilhá-la com nossos contatos de confiança dentro da lei, ou talvez vazar
para a mídia”, explica.
O sistema é capaz de receber informações de duas maneiras diferentes:
confidenciais ou anônimas. Em ambos os casos, a informação é totalmente
criptografada. A diferença entre os dois tipos é que a confidencial irá
percorrer os https regulares, enquanto a submissão anônima irá percorrer a rede
Tor, também chamada de darknet (porque às vezes é usada por bandidos).
Tor é um software composto de uma cadeia de proxies que trabalha para
esconder o endereço IP original do usuário (sua identidade na internet), de
modo que nenhuma outra terceira entidade possa ver o que você está fazendo. É
um sistema muito seguro.
Em ambos os casos, a organização não saberá quem é o remetente ou onde ele
está. A informação enviada é a mesma, só muda a partir do ponto de vista do
remetente. Se, por exemplo, o remetente vive em um país com um regime repressivo,
como a China, e está relatando um oficial corrupto, pode ser melhor baixar o
navegador Tor.
Andrea reafirma que o WildLeaks não é uma agência governamental. Mesmo que
você esteja parcialmente envolvido no crime que está denunciando, pode relatá-lo
em completo anonimato.
Ajude o Brasil
A imensa biodiversidade brasileira torna nosso país um dos principais alvos
dos traficantes de fauna silvestre. No mundo todo, o comércio de animais é a
terceira maior atividade ilícita, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de
armas – o lucro é de 10 a 20 bilhões de dólares (cerca de R$ 24 a 48 mi) por
ano, e o Brasil participa com 15% desse valor.
Cerca de 70% do comércio é para o consumo interno, e o restante é exportado.
Este tráfico envolve um grande número de pessoas, de capturadores ou caçadores
(geralmente pessoas muito pobres que conhecem o habitat dos animais) a grandes
comerciantes.
O nosso maior problema são as aves – o Brasil ocupa o 2º lugar no mundo em
espécies de aves ameaçadas. Em 2012, dos 14 mil animais silvestres que a
Polícia Federal apreendeu em suas operações, cerca de 13 mil eram pássaros. São
alvos principalmente aves com cotações altas no mercado internacional, como a
arara-azul-de-lear e o papagaio-da-cara-roxa, e pássaros raros vendidos no
comércio interno, como o pintassilgo, saíra-pintor, canário-da-terra e
papagaio-verdadeiro.
Também são vítimas do comércio cobras, peixes ornamentais, macacos e até
anfíbios. A captura ocorre geralmente em lugares em que há grande
biodiversidade como a região Norte, o Pantanal e o Nordeste, especialmente nos
estados do Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins,
Minas Gerais e região amazônica. Os grandes comerciantes ficam no eixo Rio –
São Paulo.
A maioria dos animais capturados morre antes de chegar ao seu destino final.
Crueldade demais para proveito de poucos, com consequências avassaladoras para
o meio ambiente.
Você pode fazer a diferença
Se possuir informações sobre algum desses crimes, envie uma mensagem ao
WildLeaks, incluindo coisas como nomes e dados pessoais dos traficantes de
animais selvagens, informações sobre eventos específicos, documentos que
demonstram uma transação financeira ligada a um crime, nomes de navios ou
empresas de transporte envolvidas no tráfico, nomes de compradores
internacionais, funcionários públicos corruptos e até mesmo lojas e fábricas
que lidam com produtos de animais selvagens.
O site possui
versão em português, mas a tradução é automática e por isso não é perfeita.
Quem entende inglês deve preferir usar essa linguagem.
Fonte: Hypescience
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