terça-feira, 20 de maio de 2014

Cidadãos chineses se unem contra maus-tratos a animais.



Parece impossível atualmente ligar a televisão ou entrar na internet sem estar sujeito a ver as crescentes imagens de animais em sofrimento na Ásia. O ocidente chegou à conclusão de que esta inimaginável crueldade experimentada pelas outras criaturas vivas é um aspecto da cultura asiática. Entretanto, já há algum tempo, algo está mudando na China. As informações são do One Green Planet.

Mais do que nunca, os cidadãos chineses estão escolhendo dar as costas à carne, pele e comércios medicinais que são responsáveis por tanto sofrimento – trabalhando juntos, com determinação, em direção a um futuro mais compassivo. Além de se manifestar contra tais indústrias, cada vez mais chineses agora compartilham seus lares com animais domésticos e apreciam o amor e amizade que eles lhes têm a oferecer.

Euijae Jo, 21, uma amante de animais do país, acredita que o aumento do número de cidadãos com cães ou gatos é importante para o movimento de bem-estar animal na Ásia. “Sou uma derretida quando se trata de animais, especialmente cães. Eu tenho um chihuahua de pelos longos de um ano. Houve uma grande mudança de atitudes em relação aos animais recentemente, particularmente entre pessoas como eu. Nós escolhemos manter animais como companhia e eu definitivamente acho que nós mostramos a eles mais compaixão do que as gerações anteriores”, disse Jo.

O número de cidadãos chineses jovens que protestam contra os maus-tratos é inegavelmente crescente, com muitos usando o slogan da campanha: “A comida é abundante, nossos amigos animais são poucos.”

Enquanto a preocupação com o bem-estar animal na China teve um crescimento rápido ultimamente, há indivíduos e organizações que lideram esta luta na Ásia por décadas. Estes são os verdadeiros heróis anônimos do ativismo da China – pessoas que devotaram suas vidas para implementar a mudança, não somente através de lobby junto aos governantes pedindo novas políticas, mas também através do trabalho junto às pessoas para mudar a forma como elas pensam.

A ONG Animals Asia está à frente da campanha por mais de quinze anos. Apesar do crescente número de relatórios que revelam o tratamento aos animais na Ásia, a fundadora e Diretora Executiva da organização, Jill Robinson, vem testemunhando um crescimento significativo no número de cidadãos chineses que se preocupam com a causa.

“A questão do bem-estar animal na China explodiu nos últimos 5-10 anos. Quando eu comecei a trabalhar no país, em 1985, havia somente um grupo em Pequim e agora há mais de 100 grupos espalhados praticamente em todas as províncias”, disse Robinson. “Hoje, nós trabalhamos com estes grupos em conferências, iniciativas de bem-estar, seminários e programas de treinamento para dar voz aos animais selvagens e de companhia e também para fornecer argumentos convincentes justificando porque eles não devem mais ser explorados como entretenimento, remédios ou alimento.”

Por mais de 20 anos, Robinson trabalha para acabar com as fazendas de extração de bile de ursos na Ásia. Ao ouvir as intermináveis histórias de horror sobre esta difundida prática infligida aos ursos de forma tão massiva, seria fácil imaginar que quaisquer tentativas de mudança seriam inúteis. Mas à medida que Robinson descreve o trabalho que ela e outras pessoas da Animals Asia fazem para conscientizar e fazer lobby junto ao governo, fica claro que o país progrediu muito.

A ativista está confiante de que com os esforços continuados da ONG e do público chinês, a bárbara prática das fazendas de extração de bile de ursos se tornará apenas uma página vergonhosa do passado da nação: “Fazendas de extração de bile de ursos é agora a principal questão – especialmente na China. Embora seja legal aqui, o público está se tornando cada vez mais ciente sobre esta prática horrível e entendendo que ela não se refere somente a enjaular e matar ursos em grande número, mas que também é potencialmente prejudicial às pessoas. A bile destes animais doentes produz contaminantes terríveis – cerca de 30% deles acabam morrendo de câncer no fígado. E é vergonhoso quando as pessoas descobrem que ervas e produtos sintéticos são alternativas baratas e fáceis para substituir a bile de ursos.”

Organizações beneficentes não são as únicas trabalhando para cuidar dos animais maltratados na China. Muitos cidadãos mais velhos agora estão devotando suas vidas a cuidar de cães e gatos perdidos ou abandonados que poderiam morrer de fome nas ruas, se não fossem cuidados.

O florescente movimento tem crescido tanto em força quanto em número nos últimos anos e vem provando ser uma força a ser considerada. Os ativistas têm sido bem sucedidos ao evitar que esportes e entretenimento sangrentos que envolvem tratamento cruel aos animais aconteçam.

Muitos questionam porque esta questão de repente chegou à China. Peter Li, Ph.D. e professor assistente de políticas da Ásia Oriental na Universidade de Houston e um especialista em política chinesa na “Humane Society International”, argumenta que a percepção ocidental da cultura oriental pode ser menos exata do que alguns pensam:
“Há muitas pessoas no ocidente que enxergam o problema de forma errada. Mas, não devemos culpá-los. Não podemos esperar que todo ocidental seja um especialista sobre a China, certo? Sim, a China tem um sério problema de crueldade contra os animais.

Primeiro, a China tem, talvez, o maior número de animais no mundo. É líder em fazendas de criação. Mais animais de fazenda são criados na China para alimentação. E nós sabemos que fazendas concentradas de criação de animais são intrinsecamente cruéis. Então, a China se destaca numericamente quanto à crueldade animal. Não é o caráter nacional chinês que causa maus-tratos a animais nas fazendas – mas sim a moderna agropecuária que a China introduziu do ocidente que é responsável por esse sofrimento massivo. Portanto, acusar os chineses de crueldade a animais de fazenda não é totalmente justo.

Segundo, a China teve tradição em se alimentar de animais selvagens. Mesmo assim, este hábito alimentar nunca foi parte da dieta chinesa predominante, menos ainda uma cultura alimentar dos chineses comuns. Comer animais selvagens tradicionalmente ficou confinado às regiões da fronteira sul do país. Era a comida dos assim chamados ‘bárbaros do sul’. ‘Alimentos das montanhas e do mar’ eram financeiramente viáveis para os ricos e poderosos no passado, ainda inacessíveis para as pessoas comuns. Comer animais selvagens hoje em dia e o abuso associado a eles, criados em fazendas ou caçados, não fazem parte da cultura culinária predominante da China, mas são atos que visam lucros promovidos pelos negócios.

Terceiro, um fator muito importante, os chineses acima de 50 anos viveram em um dos períodos mais sombrios da história chinesa. Como podemos esperar que pessoas acima de 50 anos, em geral, sejam simpatizantes com o grupo mais desprotegido de todos, ou seja, os animais não humanos? Estas pessoas viveram com muita adversidade, testemunharam brutalidades com outros seres humanos, elas são o grupo mais dessensibilizado na China continental”, afirma Dr. Li.

Ele também enfatiza que historicamente a cultura chinesa pode não ter sido sinônimo de insensibilização e crueldade animal como as pessoas acreditam: “A China tem tradição de compaixão pelos animais, fato desconhecido para muitos na China e fora dela. A China tem tradição budista e taoísta que exigem compaixão para com animais não humanos.”

Dr. Li acredita que com a educação continuada da geração mais jovem, o futuro do bem-estar animal é promissor: “A geração mais nova aceita melhor as ideias de compaixão. Assim, diferentemente da geração dos seus pais, os jovens têm experiência limitada com adversidades.”

A geração mais jovem não é insensível. Com mais e mais cidadãos chineses, tanto jovens quanto velhos, aprendendo a apreciar animais domesticados e selvagens por sua importância individual fora do uso humano, a mudança parece estar no horizonte.

Fonte: ANDA

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