segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ursos fazem greve de fome em fazendas de extração de bile.

                                                                                           Foto: Zuma Press

Da experimentação animal à pecuária industrial, os seres humanos têm feito coisas horríveis com os animais não humanos. Dentre essas práticas cruéis, está a extração de bile de ursos.

A prática é tão bárbara que os ursos mantidos em cativeiro para a coleta de sua bile muitas vezes enlouquecem pelas más condições de vida e pela crueldade do processo. Agora, relatórios vieram à tona informando que alguns desses ursos podem estar fazendo greve de fome e cometendo suicídio, como último recurso contra as condições cruéis sob as quais são mantidos, de acordo com o Wildlife Extra. As informações são do Mother Nature Network.

Prova disso é a visita do ativista Louis Ng a uma fazenda de extração de bile no Laos em 2009. Lá ele encontrou uma fêmea de urso deitada sem se mexer em uma gaiola. O dono da fazenda explicou a Ng que a ursa estava se recusando a comer e optara por morrer de fome. Esse tipo de comportamento não era incomum, conforme ele explicou. A ursa estava no décimo dia de sua “greve de fome” e foi deixada de lado, pois provavelmente sua bile estaria seca, para encontrar o seu fim inevitável.

Após alguns minutos sentado ao lado da ursa e lamentando a sua vida fugaz, Ng viu quando sua pata se moveu frouxamente para fora de um buraco na gaiola em direção ao seu lado, como se quisesse segurar a sua mão. Cheio de emoção, Ng deu a mão a ela. Permaneceu lá, com a mão na pata da ursa durante vários minutos. Ng descreveu que os olhos do animal estavam “cheios de muita angústia e gentileza”. Foi um momento do qual ele nunca irá se esquecer.

A ursa sucumbiu no dia seguinte.
Tragicamente, a história desta ursa é apenas uma entre muitas. Estima-se que cerca de 12.000 ursos sejam massacrados atualmente em fazendas para extração de bile em todo o Sudeste Asiático. Tudo isso é feito em nome da medicina tradicional chinesa, que lucra ao defender um falso valor medicinal para a substância contida na bile desses animais.

A fazenda típica mantém os ursos em gaiolas de extração – às vezes chamadas de “gaiolas de esmagamento” – que medem cerca de 2 metros quadrados. Para animais tão grandes quanto ursos negros asiáticos – as espécies mais frequentemente escolhidas para extração de bile – estas dimensões fazem com que seja impossível para o animal se levantar ou mesmo rolar. A falta de movimento é conveniente para os agricultores, pois permite-lhes um acesso mais fácil para o abdômen do urso, de onde a bile é extraída.

“A bile é removida do urso pela inserção de um tubo de cateter por meio de uma incisão permanente no abdômen e na vesícula biliar”, explicou Ng. “Às vezes, um tubo de metal é implantado permanentemente”.

É desnecessário dizer que o processo é extremamente doloroso para os ursos. O líquido biliar é extraído geralmente duas vezes por dia. Muitas vezes, a solidão, a dor e o medo conduzem os ursos à loucura. De acordo com Ng, o som dominante dentro de uma fazenda de extração de bile é um barulho de batida – dos ursos batendo a própria cabeça contra as gaiolas.

Sabe-se de ursos que mastigam seus próprios membros; outros cometem atos insanos. Em um incidente na China, uma ursa escapou de sua gaiola, atropelou e estrangulou seu filhote até a morte e, em seguida, matou-se ao bater a cabeça com força intencionalmente em uma parede.

Essas tragédias são difíceis de se ouvir, e levantam perguntas por parte de algumas pessoas. Por exemplo, alguns questionam se é realmente possível que esses animais sejam capazes de se matar, consciente e propositadamente, como o relato de Ng pode sugerir.

Cientistas confirmam que tais atribuições encontram eco no resto do reino animal. Por exemplo, as baleias são conhecidas por encalhar, e alguns cientistas postularam que algumas delas, ao fazer isso, demonstram um comportamento suicida. Há histórias abundantes de cães e cavalos que se matam para fugir de maus-tratos. Ric O’Barry, ex-treinador de golfinhos e atual ativista animal, afirmou ter testemunhado uma fêmea cativa de golfinho chamada Kathy que, por estar deprimida, voluntariamente cometeu suicídio.

Segundo a reportagem, embora ninguém possa dizer ao certo o que se passa dentro da cabeça de outro animal, essas tragédias têm ressonância e devem ser observadas com atenção. Independentemente de se conceber ou não os suicídios dos ursos como forma de protesto, eles estão acordando as pessoas para o horror da indústria de extração de bile.

No momento, Ng está criando um centro de resgate de ursos no Laos. Não só os ursos serão resgatados, mas também serão submetidos a um processo de reabilitação que irá ajudá-los a adaptar-se a uma comunidade – algo que eles nunca experimentam nas fazendas em que ficam confinados.

Apesar de ser apenas um primeiro passo, representará muito, para todos os ursos que nunca sequer puseram as patas para fora de uma gaiola graças à estupidez e ganância humanas.

Fonte: ANDA

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